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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Sensibilidade alimentar

Em fevereiro deste ano, o Felipe (meu filho mais velho) começou apresentar uma tosse chata. Toda tosse é chata, mas a dele tornou-se especialmente chata porque não passava de jeito nenhum. De jeito nenhum, não! Teve um jeito, mas só descobri qual era em junho. De fevereiro a junho, tentei (obviamente por orientação do pediatra - e do pneumologista!) diversos medicamentos alopáticos, principalmente antibióticos. Em quatro meses, ele acabou fazendo por volta de quatro tratamentos com diferentes antibióticos (e acho que mais um quinto, interrompido no quarto dia), pois o entendimento dos médicos era que o anterior não tinha tido efeito.

Obviamente, em junho, ele teve problemas gástricos e intestinais por conta de tantos remédios e, um belo dia (nada belo!) eu caí em prantos (literalmente), pois a tosse era constante (dia, noite, enquanto ele se alimentava, enquanto ele falava) e só diminuía um pouco quando um novo tratamento com antibiótico começava; mas logo voltava.

Eu não sabia mais o que fazer. A essa altura, a antroposofia já havia me tocado e eu já estava frequentando o curso da Ana Paula Cury (da Sociedade Antroposófica no Brasil). E a antroposofia diz não só do espiritual, mas também se estende à medicina (e ainda outras áreas, como a pedagogia). Minha experiência com a medicina atroposófica até este momento tinha sido próxima a zero: eu contava com relatos de familiares e amigos, e com o uso próprio de um medicamento que trata a ansiedade (Ansiodorom), que é vendido em farmácia comum e que comprei descrente (porque vi de relance na farmácia e o nome me disse alguma coisa) mas que tinha sido eficaz em mim. Na verdade, confesso envergonhada, hoje: eu achava que o efeito do Ansiodorom para mim tinha sido "psicológico", ou que tinha sido uma coincidência eu ter estado mais calma nos dias que se seguiram ao uso do medicamento; para mim, a medicina antroposófica equivalia a algum tipo de "medicina esotérica". Eu não tinha relacionado, ainda, as maravilhas que eu tinha aprendido no curso à possibilidade de tratar um filho com esse tipo de remédio, mas a situação do Felipe me fez marcar uma consulta com o meu atual senhor-deus-na-terra, o Dr Aranha, da Clínica Tobias.

Ele me foi indicado por uma das minhas melhores amigas; então eu sabia que ele era bom. Ainda assim, fui à consulta desconfiada. Gostei do jeito dele, muito. A clínica é acolhedora, passa uma paz. Meu filho foi examinado, o Dr Aranha achou tratar-se de tosse alérgica (o Felipe já havia feito diversos testes por solicitação dos médicos alopáticos e ele não é alérgico, no sentido que estamos habituados a usar o termo: pêlo de cachorro, pó etc.) Ele receitou para o meu filho quatro tipo de "gotinhas" diferentes, incluindo para a flora intestinal (estragada pelos antibióticos) para eu administrar quatro vezes ao dia. E pediu um teste de sensibilidade alimentar.

No começo de julho, depois de UM DIA de gotinhas, a tosse do Felipe cessou.

Foi a partir daí que a antroposofia (e tudo aquilo que diz respeito ao homem como um todo, físico, espiritual, emocional) virou meu estilo de vida. Mas não é sobre isso que quero falar agora, e sim sobre a sensibilidade alimentar do meu filho.

Conforme solicitado pelo Dr Aranha, levei-o para coleta de sangue no Instituto de Microecologia e, após alguns dias, o resultado mostrou que ele tem reação a 54 tipos de alimentos!

Seguimos rigidamente a dieta por um mês, sem medicamentos, e, de fato, ele não teve mais a tosse. Como são muitos alimentos a que ele tem restrição, fica muito difícil permanecer fiel ao permitido para sempre, já que o proibido inclui ovo, glúten, frango, por exemplo. Agora, em outubro, que ele teve mais uma crise, vamos reiniciá-la à risca.

Segundo explica o Instituto de Microecologia, responsável pela realização do exame (denominado Imupro), o sistema imunológico do intestino é o mais importante de todo o organismo; ele garante uma barreira muito eficaz contra bactérias e outros agentes patogênicos, e também contra proteínas alimentares que não reconheça. Quando a integridade desta parede intestinal é danificada (por medicamentos, infecções, toxinas ambientais etc) ela acaba permitindo a entrada de fragmentos de nutrientes entre as células, e o sistema imunológico reconhece-os como estranhos; como consequência, produz anticorpos contra a substância estranha. Daí as reações imunológicas repetitivas, que levam a inflamações crônicas.

Ainda segundo o Instituto, esse tipo de alergia são medidas pelo anticorpo IgG e suas manifestações são tardias, ou seja, podem se manifestar muito tempo depois do primeiro contato com o alérgeno. As alergias detectadas por meio do IgG são caracterizadas por reações inflamatórias. Isso pode provocar cefaleia, sobrepeso, problemas gastrointestinas, dermatite, problemas respiratórios e outras doenças autoimunes. 

O fato dessas alergias aparecerem tempo depois do contato com o alérgeno é o que diferencia das alergias detectadas pelo IgE, já que a manifestação deste segundo tipo de alergia aparece imediatamente após o contato com o agente.

Por fim, acho importante dizer que, também de acordo com o Instituto de Microecologia, as reações derivadas de uma flora intestinal danificada são reduzidas quando há mudança alimentar, sendo que as reações mediadas pelo anticorpo IgE permanecem a vida toda.

Desta vez segundo o Dr Aranha (e como verifiquei quando fiz a dieta no meu filho), a mudança alimentar de acordo com o resultado do exame ajuda, inclusive, a alterar determinados comportamentos, como uma agitação muito intensa. O Felipe sempre foi muito acelerado (chegamos a cogitar que ele fosse hiperativo) e, quando segui corretamente as instruções alimentares, ele ficou mais tranquilo. O médico me explicou que os alimentos a que ele desenvolveu alergia acabavam por inflamar até seu sistema nervoso, daí a inquietação.

Meu próximo passo, após ter tomado todas as providências em relação ao meu filhote, será marcar uma consulta com o santo-na-terra Dr Aranha, fazer o exame em mim e melhorar ainda mais minha qualidade de vida ;)



Simpatia

Acabo de sair do mercado. Peguei por último uma bandejinha de queijo prato, uma novinha, que tinha acabado de ser fatiada. Ela veio acompanhada de um sorriso meigo, alegre e de um olhar brilhante.

Eu ia pegar uma bandeja da pilha mais antiga, mas o rosto mais iluminado daquele corredor, em cima de um corpo vestido com jaleco todo branco, em cujo bolso estava bordado o logotipo do estabelecimento, me indicou que aquela outra leva (que apontou) acabara de ser preparada. 

Olhei de novo para o rosto moreno e agradeci, e a moça continuou trabalhando na arrumação dos queijos. E eu segui em direção ao caixa sorrindo, sorrindo por dentro. E terminei as compras feliz, muito mais feliz do que estava antes de receber a atenção da mocinha.

Qual a obrigação que ela tinha de me ajudar a comer um queijo mais saboroso? Não tinha essa obrigação. Muito menos a obrigação de estar irradiando alegria, de me olhar com simpatia, de perder cinco segundos comigo. Mas ela se preocupou, e eu saí do mercado mais alegre do que entrei. 

Tenho certeza de que a tal moça do queijo tem dias péssimos, tem TPM e deve fechar a cara poucas ou muitas vezes. Mas isso, mesmo, não importa. Ela foi capaz de, sem querer (disso também tenho certeza), fazer as últimas horas da minha sexta-feira mais suaves, e isso, por si só, tem muito valor.

A minha avó já dizia que "simpatia é quase amor". Eu discordo. Eu acho que simpatia é o próprio amor, uma das formas pelas quais ele se manifesta. 

Mocinha do queijo, você foi muito importante pra mim!




quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Aprendendo a fazer escolhas

Meus meninos ganharam da minha sogra, cada um, uma caixinha muito fofa para guardar os dentinhos de leite que forem caindo. Amei! São essas aqui:



Mas quando caíram os dois dentinhos de baixo do meu filho mais velho em julho desse ano, eu já tinha implementado a lenda da fada-do-dente na minha casa. Caíram os dois de baixo na mesma semana, e repetimos o ritual nas duas ocasiões: escovamos o dentinho, escrevemos carta. Ele mesmo escreveu, quase morri de amores:

"Fada do dente - pegue meu dente - me dá uma moeda ou um presente" 

Colocamos ambos (dente e carta) embaixo do travesseiro e, na manhã seguinte, ele achou a moeda (na segunda vez, com o intuito de inicia-lo na arte da economia, deixamos uma nota um pouco mais valiosa e levamos à loja para que ele mesmo escolhesse o presente da fada - incrementando a lenda!)

Ele adorou, foi mesmo mágico. O mais novo ficou ansioso para entregar seu dentinho, quando chegar a sua vez, em troca de moeda (ou quem sabe uma notinha maior). Mas se eu aparecesse agora com as caixinhas fofas, minha historinha iria perder um pouco o encanto, já que se desinteressariam por entregar o dente. Assim, resolvi guardá-las até que, daqui um tempo, quando, desfeita a magia da fada naturalmente, eu mostraria os dentes, todos, guardados e, juntos, colocaríamos nas respectivas caixinhas (já faz quase seis anos que sou mãe e ainda não aprendi que esses momentos fantasiados na nossa cabeça materna NUNCA saem como pensados...)

Ontem, meu afilhado esteve em casa; eu trouxe direto da escola (a mesma dos meus filhos), e eis que de repente ele tira da mochila A CAIXiNHA, que ele também ganhou da minha sogra (avó dele também) e, é claro, meus meninos piraram. Também é claro que eu tive que dizer que a vovó deu para cada um deles uma caixinha igual, e que eu estava guardando. Festa! Dormiram com o porta-dentinhos.

Hoje cedo, o mais velho acordou triste. Percebeu que já havia entregue seus dois primeiros dentes para a fada e que, portanto, sua caixa ficaria incompleta. Procurei ajudá-lo, como sempre faço. Disse que isso não era um problema, pois ele tinha recebido em troca moeda e presente (ufa, ainda bem que da segunda vez não foi só uma moeda!), e que a fada teria para sempre os seus dentinhos, como recordação sua. Procurei fazê-lo ver o ganho da outra situação, a da entrega do dente, embora, naquele momento, estivesse claro que a satisfação estava em completar a caixinha. Ele aceitou, calado. Ficou pensando.

Depois, ele falou mais alguma coisa relacionada aos próximos dentes; está confabulando consigo mesmo sobre os ganhos e perdas de entregar o próximo dente para a fadinha ou guarda-lo na caixa fofa, cheia de buraquinhos . Vou deixar que ele pense sozinho. Tem coisa mais espetacular que ajudar nossos filhos a fazerem escolhas informadas aos cinco anos de idade??!! Eu mesma só fui ter noção da importância de se optar com consciência há pouco tempo. Isso ajuda muito a aceitarmos as perdas de uma escolha com certa facilidade, pois teremos colocado na balança e concluído que os ganhos da uma determinada opção têm mais valor para nós, na nossa vida, naquele momento. Isso ajuda, inclusive, a que nos conheçamos melhor, nos obrigando a avaliar nossas prioridades. E serve também para que, conscientes de nossas opções de vida, não nos frustremos por não termos em mãos algo que nós mesmos deixamos para trás.

A caixinha de dentes servirá como um grande aprendizado para o meu menino; quero lembrar dela sempre e continuar estimulando neles o exercício das escolhas, das perdas e ganhos, do autoconhecimento.

Hoje

Mais um dia começando, agradecimentos em dia, café da manhã saudável check (faz duas semanas que venho seguindo o "sem glúten/sem lactose", e tenho me sentido muito menos inchada).

Hoje vou contar história na classe do meu pequeno mais novo. Faz parte de um projeto da escola, que convida familiares para ler pra eles e passar alguns instantes ali, junto. Adoraria ter tido tempo para escolher com mais cuidado o livro (preciso trabalhar na organização do meu tempo), mas ainda consegui ontem à noite ir à livraria e escolher três opções: O Gato Xadrez (gato feliz no final porque encontra seu estilo próprio, fora dos padrões), A Pequena Tartaruga Verde (tartaruga que passa páginas sem conhecer seu talento e, no fim, descobre ter um casco para se proteger da chuva) ou As Centopéias e Seus Sapatinhos (acho que sem mensagem específica; a centopeia vai comprar sapatos, experimenta vários, não compra nada e a joaninha vendedora cai exausta quando a centopeia sai da loja - comprei esse porque eu mesma amava as ilustrações quando criança). Ainda não sei qual vou escolher, acho que vou deixar para sentir as crianças na hora.. Se desse tempo, pediria um help aqui, mas já são 6:45 e eu a leitura é às 8:00. Preciso acordá-los. 

Não sem antes dizer que, depois da historinha, ainda vou trabalhar meus músculos para me manterem firme e forte por mais um tempo, suar um pouquinho na esteira, levar meu mais velho (do Papai Noel e da mosca) ao pediatra (antroposofico, ainda conto a história dele por aqui), depois na Michele (também ainda conto dela), depois cair dura, mas feliz por ter cuidado dos meus maiores tesouros, o que inclui a mim ;)

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O essencial

Hoje consegui voltar para meu curso de antroposofia. Fazia meses que não comparecia por conta das minhas tarefas cotidianas. Saí feliz por ter estado com aquelas pessoas iluminadas e com a nossa mentora. Elas me lembram do que é o essencial.

O essencial (aquilo que fundamenta nossas vidas e que deve nortear nossas atitudes) é o amor e o crescimento do espírito. Uma vez que se compreende que é a nossa luz interna (o Cristo que mora em cada um de nós) que rege o existir e que justifica estarmos aqui, fica fácil tomar decisões, escolher nossos caminhos diante da vida, dominar nossas emoções. O essencial não é material.
 
De fato, as atenções hoje em dia estão em demasiado voltadas para aquilo que se tem; no entanto, se fecharmos os olhos e procurarmos nos lembrar de bons momentos das nossas vidas, por certo virão às nossas lembranças sentimentos, aromas, paisagens, melodias, sensações, e não a matéria física; virá à memória a essência das coisas, aquilo que não se pode ver. E tudo aquilo que diz respeito ao espírito faz parte desse mundo invisível, sensível.

Por muito tempo vivi esquecida da parte espiritual. Sempre me voltei muito ao intelectual, ao corpo físico, até ao meu lado emocional, mas a minha alma andava bem esquecida. E eu sentia uma vazio; só demorei um pouco a descobrir que o que faltava era olhar para dentro de mim e ouvir a voz do coração, enxergar essa luz que apaguei muitas vezes, dominada pelo senso do hoje e pela atenção ao que é puramente material, dogmas que aprisionaram não só a mim, mas que dominam a nossa era.

É preciso que nos tornemos mais leves, que permitamos a expansão dessa energia vital, sem medo, desfazendo crenças próprias da época em que vivemos. Já disse Rudolf Steiner que a angústia e os medos patológicos do homem são muitas vezes o fracasso em desenvolver a consciência espiritual. É como se estivéssemos engessados em certezas absolutas (materialistas, de descrença na evolução), enquanto nossos espíritos pulsassem dentro de nós, buscando se expandir. Enquanto contivermos a pressão da nossa alma ou, nos casos em que ela ainda estiver latente, se continuarmos nos escondendo dela, permaneceremos no vazio profundo.  

Não sou, que fique claro, de modo algum, contra os bens materiais! Mas vejo no nosso tempo uma idolatria à matéria e ao físico, um excesso; me dá a sensação que estamos nós a serviço da matéria, e não o contrário. Me dá a sensação de estarmos nos agarrando a coisas terrenas, que nos fazem voltar para baixo, ao invés de nos agarrarmos a nós mesmos e, ao nos tornarmos mais leves, nos voltarmos para cima.

E que fique claro também algo que já mencionei em outro post: minha religião, hoje, é a religião espiritual. Não importa o nome do credo, nem os meios para se chegar ao Cristo, à luz e, consequentemente, à felicidade: o que importa é que se chegue.

PS 1. Esse assunto me faz lembrar de Mateus 6, 19-34, trecho que eu tanto lia da minha Bíblia de cabeceira quando pequena, que amo, e que transcrevo aqui:
 
"Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam.
Mas acumulem para vocês tesouros nos céus, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam.
Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração.
Os olhos são a candeia do corpo. Se os seus olhos forem bons, todo o seu corpo será cheio de luz.
Mas se os seus olhos forem maus, todo o seu corpo será cheio de trevas. Portanto, se a luz que está dentro de você são trevas, que tremendas trevas são!
Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro.
Portanto eu lhes digo: Não se preocupem com sua própria vida, quanto ao que comer ou beber; nem com seu próprio corpo, quanto ao que vestir. Não é a vida mais importante que a comida, e o corpo mais importante que a roupa?
Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas?
Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?
Por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem.
Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles.
Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá muito mais a vocês, homens pobres de fé?
Portanto, não se preocupem, dizendo: “Que vamos comer?” ou “Que vamos beber?” ou “Que vamos vestir?”
Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas.
Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão dadas como acréscimo.
Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará os seus problemas. Para cada dia, basta o peso próprio dele."

PS 2. "A gente só enxerga bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos" - Saint-Exupéry (1900-1944)






 

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Minhas mosquinhas-de-banheiro e o meu coração-de-ouro

Essa semana notei uma família de moscas-de-banheiro habitando o teto do meu box... Foi horrível ver aqueles vários (uns 30) pontinhos pretos se movimentando lentamente enquanto a suposta mãe, maior, voava e pousava, voava e pousava. A mosquinha-de-banheiro é essa aqui:

 
 
Pesquisando para escrever esse texto, descobri que as larvas da mosquinha criam-se nos ralos e encanamentos de banheiros (argh!); até hoje eu não sabia disso. Por isso, não soube responder quando meu filho mais velho (o mesmo que perguntou sobre o Papai Noel do outro post) qual era seu potencial nocivo (nas suas palavras: "ele faz mal pra gente, mamãe?").
 
Saí do banho hoje pronta para exterminá-los por esmagamento. Me vesti, peguei uma escada e um pano de chão (já que o inseticida de ontem não foi suficiente para assassiná-los). Ao me ver subindo as escadas com os equipamentos da minha guerrilha a essa hora da noite, fui questionada pelos meninos sobre meu propósito, e respondi naturalmente que ia matar filhotes de insetos que tinham nascido no meu banheiro. Não pensei que essa afirmação chocaria tanto o meu filho, que arregalou os olhos e, então, perguntou que mal eles poderiam nos causar.

Quando matei meu primeiro pernilongo na frente dele, já tinha me visto em situação parecida. Mas naquele caso, as picadas e zumbidos foram considerados por ele maldades suficientes para justificar suas mortes. Agora, com as moscas, nem passou pela minha cabeça dizer que suas patinhas poderiam estar cheias de sujeira, pois eu nem sabia disso; então fiquei sem palavras e disse que, na verdade, elas não nos causavam mal algum. Disse isso e paralisei; conheço o eleitorado e já sabia o que viria na sequência. "Deixa eles viverem, mamãe!" - era uma ordem, acompanhada de uma cara feia (ele chegou da escola hoje dizendo que aprendeu a fazer essa cara quando não gostava de alguma coisa). "Deixa eu ver?" - saiu correndo para o banheiro. Nesse momento, eu já joguei a toalha, estava atarefada com jantar para pôr à mesa, uniformes para ajeitar para o dia seguinte; então desci de volta conformada, pronta para guardar a escada e o pano; retomaria a tarefa da mosquinha amanhã. 

Já estava lá embaixo, vejo que ele desceu até metade da escada e diz: "Deixa essa história pra lá, mamãe, eles estão na casa deles, deixa eles morarem no banheiro." Não respondi. "Tá bom, mamãe?" Respondi que sim. A história da mosca realmente o tocou.

Já percebemos, aqui em casa, essa característica dele há algum tempo. Não há definição melhor do que dizer que é um coração-de-ouro, mas me debato para saber se acho uma qualidade ou ponto fraco. Deve ser algo bom, no fim das contas, querer bem a tudo e a todos, ver somente o lado bonito das atitudes das pessoas, mal perceber quando alguém não é tão receptivo, esquecer depressa uma ofensa, guardar níveis negativos de rancor. Mas eu, como mãe, me preocupo demais com todos os calos que ele vai ter que criar ao longo da vida. Vai ter que aprender a dizer não, a enxergar a malícia inerente ao ser humano (ele deve ter a dele também, vai ter que deixar aparecer em algum momento), vai precisar entender as sutilezas que regem a vida em sociedade, o conceito de inveja (já tentei explicar umas três vezes, ele não captou).

Amanhã vou explicar para ele que as mosquinhas são sujas, e que (ufa!) existe uma razão para matá-las. (Aliás, ele não entendeu até agora porque matamos bichos para comer; de duas uma: ou ele entende na aula de biologia a dinâmica entre presa e predador, ou vira vegetariano). E vou aproveitar que ainda se trata de mosquinhas sujas, algo bem palpável e bem simples de compreender...

Corrida

Hoje acordei MORTA de preguiça de me exercitar. Acho que é porque andei falhando no meu diário alimentar e, por dois ou três dias, escorreguei na dieta e, pior, nos doces (doces - doces - mesmo, como uma deliciosa torta de limão que minha mãe trouxe no domingo, barrinhas chocolate ao leite, hummmm). Sempre que a gente dá essas escorregadas, o ciclo do bem que estava girando pára, e começa a funcionar o ciclo do mal, do querer mais açúcar e da inércia do repouso.

Por sorte, me deparei na Internet com uma lista (publicada na revista britânica Zest) falando dos benefícios da corrida, e ela me animou!!! Vou dividir aqui os 12 itens do bem, caso eu possa ajudar mais alguém a levantar e ir suar:

1. Perda de peso (queima aproximada de 1000 calorias/hora)
2. Fortalecimento dos ossos, que são estimulados a se manterem fortes
3. Liberação do stress
4. Felicidade, por meio da liberação de endorfinas
5. Melhora do sistema imunológico
6. Queima de gordura, mudança do metabolismo corporal
7. Melhora da qualidade do sono
8. Coração mais saudável (circulação melhor, diminuição das chances de ataques cardíacos, de pressão alta ou derrame cerebral)
9. Saúde mental (melhora do humor, autoestima e autoconfiança)
10. Pele mais bonita, já que a circulação sanguínea e a distribuição de nutrientes, assim como a liberação de toxinas, ficam facilitadas
11. Aumento da capacidade cerebral, com o maior fluxo de sangue, oxigênio e nutrientes
12. Diminuição da ansiedade, por meio da redução da sensibilidade dos receptores de serotonina

Mas já escrevi muito!! Estou atrasada!!! Vou liberar endorfinas.

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O Pequeno Príncipe

Ontem postei aqui uma citação dizendo que não vemos o mundo como ele realmente é, mas sim como cada um de nós somos. Também postei sobre a resposta que minha mãe me deu quando perguntei sobre a existência do Papai Noel: ele mora na nossa imaginação.

Curiosamente (talvez não tão curiosamente assim, afinal acredito piamente na lei da atração), hoje comecei a reler O Pequeno Príncipe; não me lembrava mais da narrativa nem da mensagem. Do livro, pude extrair muito sobre as formas individuais de se ver o mundo, e sobre a forma com que as crianças contemplam o mundo.

Esse assunto me interessa especialmente: tenho dois pequenos príncipes em casa, cujas mentes me fascina analisar, cujos mundos (infantis) são partes do meu mundo (adulto) e cujas almas eu estou sempre buscando engrandecer.

É lindo demais observar a perspectiva a partir da qual essas pessoinhas enxergam o universo. É um exercício muito prazeroso o de tentar entrar em seus mundinhos e viver neles por alguns instantes, procurar compreender seus medos, suas reações peculiares, de onde vêm seus sorrisos ou suas lágrimas, seus silêncios, seus olhares, e devolver uma resposta, uma atitude, outro silêncio ou outro olhar na mesma sintonia. Eu sempre procuro esvaziar minha mente e partir do nada para compreendê-los pois, afinal, eles ainda não receberam muitos elementos para formar seus diversos conceitos. 

O livro lembra que todos nós já fomos crianças um dia. Nos inspira a parar por instantes e buscar sensações que já tivemos quando pequenos, deixando de lado o papel de adultos que fomos obrigados a assumir por força da vida. Essa identificação com nossas crianças nos ajuda a ver o universo sob suas perspectivas e, assim, interagir com elas e passar nossas lições da forma mais eficaz. Ainda que o exercício de identificação não pareça fácil, comecemos por ouvir os pequenos. Calar e escutar uma criança falar, e responder com pertinência (entrar no mundo dela), exige apenas que nos desliguemos por um momento do nosso mundo (celulares, computadores, TVs etc). 


E por nos lembrar que já fomos crianças um dia, O Pequeno Príncipe nos faz questionar certas posturas que são possíveis apenas no mundo adulto. Por exemplo, o empresário que se considera dono das estrelas e passa a vida a contá-las não dá ao menino uma resposta satisfatória à pergunta: "E para que serve ser rico?" É a tradicional visão do dinheiro pelo dinheiro, compartilhada por muitos. E com isso, ao nos ternarmos adultos, acabamos perdendo a noção do que é essencial a nós mesmos, algo que as crianças têm de sobra e que devemos nos esforçar para que permaneça com elas.

Tenho certeza absoluta que me esforçando para convergir meu modo de encarar a vida com a forma dos meus pequenos olharem para o universo vou conseguir que eles extraiam de si mesmos o melhor, que mantenham o que é essencial ao homem (princípios, amor, compaixão, paciência, noção da nossa pequenez e da efemeridade desta vida - humildade), que desenvolvam meios de estar na selva e nela competir sem morrer por dentro. Vou me esforçar muito para que a magia permaneça neles e para que eles não deixem de acreditar em seus Papais Noéis, carneiros na caixa, em seus sonhos. 





 

domingo, 25 de outubro de 2015

Papai Noel

"Como é que o Papai Noel sabe o que a gente quer de Natal, mamãe?" - me perguntou o meu filho agora à noite, antes de dormir. "Ele ouve tudo, filho", eu respondi. Hã?! Que tipo de resposta foi essa?! Será que correspondeu ao que ele queria ouvir?! Ele tem cinco anos.

Lembro da minha vez... Estávamos eu e minha mãe à mesa redonda de madeira do apartamento em que morei quando criança (a mesma em que meu pai fazia os carrinhos de banana, e que já mencionei em outro post), quando ela resolveu me responder com sinceridade que Papai Noel existia sim, para quem acreditava nele. Não me lembro se era o que eu queria ouvir... Mas de toda forma, aos oito anos, eu já sabia a resposta.

Nessa época, na minha infância, a maior parte dos acontecimentos importantes foram acontecimentos da nossa infância, minha e de uma prima, cinco dias mais nova, a minha prima-irmã (nos dois sentidos, de sangue e de coração). Fui eu quem estragou tudo... Fui eu que, na casa dos meus avós no interior (a mesma em que eu via o pôr do sol amarelo e ouvia as histórias na soleira, e que já mencionei em outro post) levantei a questão que ouvi hoje, agora, como que ressoando de 30 anos atrás. Estraguei sua fantasia, pois confabulamos e concluímos que a entrega dos presentes no trenó voador não poderia ser possível. E fui questionar um adulto, minha mãe, que não viu outra saída (muito boa, por sinal) senão dizer que o velhinho mora na nossa imaginação (pura verdade).

A vida é um ciclo, e a história de Papai Noel se repete. Não sei se será neste Natal, talvez no próximo, não importa. Vou precisar esclarecer sobre o velho para ele qualquer dia, para o mais novo também, assim como vai chegar o dia de  explicar sobre sexo, por exemplo. Cada coisa no seu tempo, como foi comigo.

Ouvi já há algum tempo (acho que quando estava grávida do meu primeiro filho) que eu teria chance de reviver minhas fases de vida na medida em que as fases de vida deles fossem chegando, e de fato isso acontece: vivo o agora com eles, mas revivo ao mesmo tempo a minha própria etapa correspondente de anos atrás (o primeiro dente que caiu, os relacionamentos na escola etc). Isso me ajuda muito a tentar melhorar, para eles, experiências que, para mim, não foram tão boas, ou repetir as que foram positivas (no caso do Papai Noel, acho que a resposta da minha mãe foi genial e já estou considerando copiar!!). Parece, no entanto, que nossos filhos estão vivendo certas fases do desenvolvimento mais cedo... Éramos crianças mais ingênuas na minha época, sinto como se tivéssemos sido crianças com mais infância... Não sei se é culpa da tecnologia, da forma de ensino nas escolas, mas fato é que aos cinco anos eu jamais teria feito a pergunta que meu menino me fez...

Mas pé no chão: o Natal está aí, propagandas a mil diante da crise econômica do País, não sei se o Papai Noel da minha imaginação sabe o que meus filhos querem de presente, mas eles sabem muito bem, e eu já fui informada. Hora de preparar o coração pra reviver meus Natais do passado, viver meu Natal do presente, preparar o bolso e já deixar uma resposta na ponta da língua! 

sábado, 24 de outubro de 2015

As saudades que a gente sente

Sinto muitas saudades. Não foi sempre assim. Hoje, vivendo a minha vida adulta, de mãe, esposa, levando a rotina de uma casa, tenho tido flashes de diversos momentos de anos passados, todos eles muito bons.

São lugares, manhãs, entardeceres, pessoas. São sempre recordações que me remetem a boas sensações, todas elas certamente muito bem guardadas e preservadas pelo (divino) inconsciente. O inconsciente sabe que tudo aquilo que passamos no começo da vida será importante para cada um de nós, um dia. Ele sabe que aquelas pessoas e instantes nos tornarão quem seremos no futuro, ou servirão de base para construí-lo.

O fim de tarde amarelado, pincelado por nuvens, imaculado - observado ao lado da minha avó materna numa rede, naquela casa de interior onde morava com meu avô (e onde eu passava grande parte das minhas férias escolares), em paz - tem inspirado meu dia-a-dia, eu diria, uns bons 30 anos depois... Assim como tem inspirado meu cotidiano hoje o amor envolvido numa situação em que neta e avô sentam-se na soleira da porta de entrada (daquela mesma casa), e estórias de saci são contadas, de uma boca risonha, embaixo de um bigode espesso, floreada por mãos grossas de descendente de italiano.

Naqueles finais de tarde de janeiro ou quando eu ouvia aquelas estórias na soleira, nada podia, nem hipoteticamente, tirar a tranquilidade e o sossego do meu viver; aqueles foram momentos sagrados. Ainda esta semana, no carro, quase chegando na escola dos meus meninos por volta de 16:00 hrs, uma certa coloração do céu me levou lá para o interior, e dirigi meus últimos metros até o colégio com aquela plenitude na memória e no meu coração. 

Sinto também, muito, a falta do meu pai. Ele era extremamente culto e sábio, e eu deveria ter extraído dele mais do que pude aprender. Basta lembrar dos seu olhos apertados pelo sorriso e os braços esticados pedindo um abraço que eu tenho certeza que a vida vale para alguma coisa, sim. Se eu pensar na forma como ele enfrentou o fim de sua vida, aí passo a ter certeza de que há seres humanos mais, e outros menos, evoluídos. Se eu recordar aquela cena em que ele faz carrinhos de banana com mel para mim e para os meus primos naquela mesa redonda de madeira do apartamento onde eu morava quando criança, aí eu entendo bem, sem palavras, o que é o amor.

Não falo de tudo isso com nostalgia não. Essas lembranças têm me ajudado a viver mais em paz, mais tranquila, com menos ansiedade, me mostrando que, com pressa, pouco vai ficar do hoje para mais tarde. Essa minha busca atual pelo autoconhecimento está exigindo que eu extermine minha (enorme) ansiedade, e meu cérebro está respondendo, eu acho, tirando do arquivo provas de que dá para viver, de que tudo pode dar certo, sem aflição, com calma. 

Essas vivências de dias passados têm me enchido de esperança, afinal, se nada pôde, então, contaminar meus momentos marcantes de paz, posso fazer com que nada contamine minhas experiências de hoje, nem mesmo a violência da cidade, nem dirigir a 40 km/hora devido aos radares, nem o custo de vida, nem a crise do País. Se naquela época eu tinha o auxílio da ingenuidade da infância, não importa; agora eu posso usar a razão e buscar meios de excluir influências negativas do meu cotidiano. Estou trocando a ansiedade da minha vida pelo anseio de deixar para os meus filhos lembranças leves, de alegria, sossego e amor que, um dia, quando eu já não estiver mais por aqui, possam ser transforadas em esperança.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Emoções e alimentação: feedback

Escrevi aqui, há seis dias, sobre a minha alimentação basicamente orientada pelas minhas emoções. No dia seguinte, comecei um diário alimentar, conforme havia proposto a mim mesma, com o fim de entender melhor como esse processo funcionava.

O dia seguinte era um domingo, um dia mundialmente famoso pela dificuldade de se manter qualquer dieta, mas, como meu intuito era entender sobre minhas variações emocionais, foi um momento perfeito para começar minhas notas. Neste domingo, fiz cinco refeições (café da manhã, almoço, lanche da tarde 1, lanche da tarde 2 e ceia), e todas elas de forma não-racional. E por não-racional quero dizer: sem que tenham sido escolhas embasadas na qualidade, no valor nutricional ou calórico dos alimentos; foram escolhas com base naquilo que me apetecia mais, nas quantidades que me aprazia (embora com a dieta em mente), mas principalmente baseadas em itens que me preenchiam mais (emocionalmente) naqueles determinados momentos. Por exemplo, trocar o jantar por um lanche, que chamei de lanche da tarde 2, claramente foi, na minha vida, até hoje, uma forma de me permitir uma desacelerada ao se aproximar o fim do dia; é como se o café com leite e pão (ao invés de uma salada, arroz e peixe) me relaxasse mais, talvez me remetendo a algum momento da minha infância (me lembro que fazia isso nas tardes de estudo, lá pelos meus 10, 11 anos), ou quem sabe preenchendo o vazio do cair o dia, como que me acolhendo, da mesma forma como a minha ceia (Nescau) certamente me remete a minha primeira infância. A observação disso tudo foi extremamente relevante para mim, que passei uma vida adulta buscando me alimentar de forma mais saudável e sem entender ao certo porquê praticá-la era tão difícil.

Nos dois dias que se seguiram (uma segunda e uma terça-feira), pude continuar meu diário já de volta à minha rotina, o que, eu já sabia, facilitaria muito meu autocontrole. Minha principal observação nestes dias foi meu hábito de me alimentar a cada duas horas, um pouco por vez, e tenho escutado de profissionais que isso é bom :)  Tive sucesso neste dois dias também porque RESISTI AO NESCAU NOTURNO!!!!!! Uhuuuuuuuuuuu Vitória sobre o Nescau --> considero, inclusive, vitória sobre o doce, sobre a gordura ruim do leite semidesnatado (que eu consumia) e sobre meu colesterol do mal!!!!

Agora preciso dar a César o que é de César: tudo isso, inclusive o fato de eu estar escrevendo essa historinha aqui, com a ajuda da minha coach deusa Gabi Sayago, cujo texto sobre gratificação imediata tem me inspirado muito. Também por indicação dela, encomendei o kit semanal de refeições da Detox Market, que chegou na quarta-feira, e que tenho usado até hoje, sexta-feira. É um kit sem segredos: um café da manhã com fruta, leite vegetal, granola, pãozinho, geleia, café; barra de cereal ou fruta como lanchinho; almoço com salada (sem azeite) e um prato quente de tamanho médio; e jantar com sopa --> tudo sem exageros para mais ou para menos, a meu ver. E tem dado muito certo! Digo, dado certo para que eu aprenda a controlar a mim mesma no momento das refeições, e para que possa ter ideia das bases de uma alimentação saudável. Tem dado certo, inclusive, na balança: já perdi dois dos meus quatro odiados quilinhos a mais! Mas o mais importante não é isso!

Não há kit alimentar na galáxia que possa controlar emoções, ou preencher vazios, ou que possa, por si só, remeter a momentos de prazer ou aconchego. Isso tudo está dentro da nossa cabeça. A alimentação precisa estar dissociada de tudo que passa por dentro da gente. E essa observação da minha própria atitude me fez pensar que, juntamente com essa avalanche de propagandas de alimentos saudáveis, de academias de ginástica, com a maior promoção da saúde e com a abundância de informações nutricionais ou sobre cirurgias plásticas que temos atualmente, falta o incentivo à busca de um profissional que auxilie no processo da reeducação alimentar como reflexo de uma reeducação diante da vida, que segure na mão e ajude cada um a entender qual o maior desafio de suas jornadas, que ajude a encarar seus maiores e mais temidos monstros.

Tenho visto e conversado com muitas pessoas que reconhecem os benefícios de uma alimentação balanceada e da prática de exercícios físicos, mas a quem falta "algo" para pôr estes objetivos em prática, assim como faltou a mim. No meu caso, esse "algo" é autoconhecimento, autocontrole e autoestima até. Interessante que descobri isso num clique, num insight, como se a alimentação fosse apenas um pretexto para eu dar um grande passo na minha vida, e é isso o que resultou de mais sensacional do meu diário alimentar... Mas já estou divagando e entrando em outro assunto... Sobre o qual eu ainda volto aqui pra falar...

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Sobre o mistério da fé

Ontem comecei a ler o livro "Maria", de Rodrigo Alvarez. Segundo dito na capa, trata da biografia da "mulher que gerou o homem mais importante da história, viveu um inferno, dividiu os cristãos, conquistou meio mundo e é chamada mãe de Deus". Muito interessante para quem, como eu, gosta de história.

Fui educada em colégio católico e, portanto, tenho bases católicas. Ao longo da vida, passei a questionar muitas crenças, dogmas, comecei a questionar muitos eventos descritos na Bíblia (não por terem efetivamente ocorrido, mas como foram interpretados e me tinham sido ensinados). Querendo ou não, a educação nos treina a usar o lado racional do cérebro, e fica difícil não estender essa prática às diversas áreas da vida... 

Tive um tio espírita, o tio Zé. O espiritismo do tio Zé me disse que era possível eu abrir os olhos para outras crenças, pois ele sempre foi um homem culto, de princípios, era uma pessoa equilibrada, em quem se podia confiar. Ele era católico, em princípio, como eu, mas passou a ser espírita depois de um certo evento que, segundo ele, tornava irrefutável o fato de que havia vida após a morte.

Mas não é sobre espiritismo eu quero falar, e sim da possibilidade de se pensar a respeito do que há por trás de tudo isso que vivemos aqui. O livro de Alvarez fala sobre provas e indícios de eventos que se passaram na época de Jesus, e isso me fez pensar sobre a fé. Na verdade, sempre considerei a fé um dom. Nascer com uma fé intensa já é, em si, uma bênção. Mas creio que pode ser reforçada. E o benefício disso é uma vida com mais propósito. No fim das contas, precisamos ao menos ter uma ideia do motivo de estarmos aqui, interagindo, agindo, decidindo, suando, amando, nos emocionando, nos enfurecendo; NÃO PODE SER para nada...

Por isso mesmo me interessei há pouco tempo pela antroposofia e os escritos de Rudolf Steiner. Eles nos permitem divagar sobre nós mesmos, tal como estamos relacionados com o cosmos e com Cristo. Eles nos ajudam a entender a onde todas essas emoções, impulsos, dificuldades, querem nos conduzir. Em suma, nos fornecem uma razão para viver.

Tudo isso diz respeito à espiritualidade, à fé em algo que nos motiva a melhorar como pessoas. Não importa MESMO qual o título da sua fé (catolicismo, budismo, hinduísmo, islamismo, ou qualquer outro). Não importa que se creia em qualquer coisa, que se seja agnóstico até, desde que cada um encontre uma motivação para melhorar. E, por melhorar, quero dizer ser luz para outras pessoas, e para nós mesmos; fazer a diferença enquanto estamos aqui (não precisa ser no mundo não, basta que seja dentro da nossa casa, ou dentro da nossa própria alma).

É uma pena que no mundo de hoje seja tão difícil às pessoas encontrarem tempo para se dedicarem, nem que fosse um pouquinho, ao espiritual. Poderiam pelo menos, pensar sobre isso. Tenho certeza que viveríamos mais em paz e caminharíamos mais rapidamente em direção aos ensinamentos dos Mestres da história, de qualquer um deles... 




sábado, 17 de outubro de 2015

Dieta

Desde que escrevi sobre o meu colesterol alto e meu vício por doces, comecei a prestar mais atenção aos meus hábitos alimentares. Sempre percebi que sou uma pessoa de beliscar. Não sou daquelas que come um prato enorme no almoço, mas, ainda que coma, meu corpo está habituado a procurar algo para uma boquinha lá pelas 14:00 (almoço por volta de 12:00) e, daí em diante, faço várias boquinhas até a noite, quando, então, não janto... (tudo errado, i know, mas, lá no fundo, não acho tão absurdo assim à no meu inconsciente, a quantidade de calorias não é tão grande...)

Notei também que minha alimentação é mais ou menos 80% orientada por emoções e pelo cansaço físico (vou explicar!), e só os outros 20%, por fome (desde pequena, nunca fui de ter muita fome, ufa!). Percebi que belisco quando estou empolgada, quando estou de saco cheio, entediada, pra passar o tempo, me compensar por algo não tão bom, como uma forma de tomar fôlego para começar uma tarefa chata, à noite para arrematar o dia bem, ou pelo simples prazer de comer alguma coisa muito boa (sorvete de doce de leite, por exemplo). Só não belisco quando estou triste; aí perco a vontade.

A parte do cansaço físico é assim: acordo 6:15 hrs pra levar meus filhos para a escola e não paro à ginástica, supermercado, outras tarefas domésticas etc etc. Quando chego em casa por volta de 16:30, depois de pegar os meninos na escola, estou o pó, e com fome, e esse cansaço me impede de pôr limite no meu belisco: nessa hora, o lanche é considerável. Nesse mesmo momento do dia, o cheiro do jantar fresquinho já está dominando a minha casa e, embora eu não jante direito, sempre acabo beliscando um pouquinho aqui e ali (ou comendo o que sobra do prato dos meninos).

Antes de dormir, jamais consigo resistir a um copo de Nescau (reminiscências da infância) e aí já vão mais algumas calorias (às vezes coloco um pouquinho de Corn Flakes – reminiscência total do Sucrilhos!!... à pensando aqui: isso não era pra ser o café da manhã??!!!).

Ok, tudo errado, a conta nunca vai fechar pra perder meus 4 quilinhos tão odiados, e muito menos pra baixar o colesterol (já que os beliscos são as porcarias que escondo dos meus filhos – shame)... Será que a corrida pode dar um help aqui? Precisando de força de vontade e autocontrole... Que difícil... Vou tentar focar, quem sabe um diário alimentar e mais ginástica (endorfina)??... Conto aqui.


 

Antroposofia: a ciência espiritual

A antroposofia foi criada por Rudolf Steiner (1961 - 1925). Trata-se de uma ciência porque, segundo Steiner, pode-se provar seus resultados por meio da realização de um trabalho interior, explicado por ele (concentração, memória, percepção etc). É espiritual porque busca responder as questões mais profundas do homem em relação a si mesmo e sobre sua ligação com o universo. O homem, de acordo com conceitos antroposóficos, seria membro efetivo do mundo espiritual, de modo que o conceito do Deus está evidenciado nele mesmo.  

Não se trata, porém, de uma religião tal como é entendida atualmente. Na antiguidade, havia uma devoção extrema ao mundo desconhecido, existia uma ciência que falava deste outro mundo e acolhia as manifestações da natureza, e esta era a religião no passado (as múmias egípcias são exemplo disso). No entanto, de acordo com ensinamentos de Steiner, isto foi conservado numa literatura e tradição religiosa alheias ao nosso mundo, e hoje, a muitas pessoas não basta a crença religiosa atual (qualquer que seja) para responder à pergunta mais angustiante do ser humano: "de onde viemos e para onde vamos?".

Para responder a esta pergunta, Steiner explica sobre a natureza quádrupla do homem, carma e vidas anteriores. A natureza quádrupla do ser humano, por exemplo, ajuda a entender acontecimentos nas diversas fases da nossa vida (como o nascimento dos dentes permanentes aproximadamente aos sete anos); o carma e as vidas anteriores ajudam a compreender a reação que algumas pessoas causam em nós, e que nós causamos a elas.

A Natureza Quádrupla do Ser Humano

O ser humano poder ser visto sob quatro diferentes aspectos: o corpo físico, o corpo etérico, o corpo astral e o corpo do Eu.
  • Corpo físico: é o corpo que ocupa espaço.
  • Corpo etérico: mantém a vida do ser humano; relaciona-se às funções vitais, como a respiração e, portanto, trata-se de uma atividade; é o corpo vital e, por isso, relaciona-se ao tempo. O corpo físico sem o corpo etérico é matéria morta.
  • Corpo astral: é a capacidade de pensar, sentir e querer. É o fundamento da alma humana.
  • Corpo do Eu: manifesta-se quando o ser humano faz escolhas conscientes; trata-se da entidade espiritual eterna.
Estes conceitos são muito bem explicados por Edmond Schoorel, pediatra na Holanda, que também esclarece os seguintes marcos para o surgimento de cada um dos quatro aspectos (corpos), tanto na esfera exterior ("tornar-se visível"), quanto na interior. 

Os nascimentos dos quatro corpos completam-se aos 21 anos do ser humano, e surgem, visível e externamente, conforme segue:
  • Corpo físico: com o nascimento propriamente dito;
  • Corpo etérico: sua formação se completa por volta dos sete anos de idade (evidencia-se pela troca dos dentes);
  • Corpo astral: completa-se por volta dos 14 anos de idade (evidencia-se pela mudança de voz);
  • Corpo do Eu: completa-se por volta dos 21 anos de idade (evidencia-se pela chegada à idade adulta).
No entanto, os marcos acima determinam quando cada um destes quatro corpos apresenta-se externamente. Antes disso, cada um deles já começou a se formar, assim:
  • Corpo físico: começa a existir oito meses antes do nascimento, com o óvulo fecundado (e exterioriza-se quando o indivíduo nasce, como dito acima).
  • Corpo etérico: começa a existir com o nascimento (e exterioriza-se maios ou menos aos sete anos, com o nascimento dos dentes permanentes).
  • Corpo astral: surge mais ou menos aos três anos de idade (embora aparentemente possa parecer que crianças menores de três anos possam ser egoístas, por exemplo, trata-se de um comportamento inocente, imparcial, e não um desejo ou sentimento. O corpo astral exterioriza-se e torna-se completo aos 14 anos, com a mudança de voz e início do processo de autorrealização).
  • Corpo do Eu: inicia-se por volta dos 10 anos de idade, quando o ser humano começam a relacionar-se com seu entorno e precisa lidar com os encontros (e completa-se aos 21 anos, quando o indivíduo torna-se adulto).
Tais etapas ajudam a compreender certas dificuldades de algumas crianças, e auxiliam os pais a tratarem de modo mais específico possíveis questões relacionadas ao desenvolvimento de seus filhos. 

Carma e vidas anteriores

De 19 de janeiro a 10 de fevereiro de 1924, Steiner fez um ciclo de nove conferências em Dornach, Suíça, com o objetivo de divulgar a antroposofia, falando sobre ela de forma mais clara.

Na terceira conferência (27 de janeiro), Steiner falou sobre carma. Quando uma pessoa atua sobre nossa vontade (não quando apenas sentimos simpatia ou antipatia, ou quando fazemos um julgamento racional sobre ela, mas quando desejamos fazer o que sentimos como simpatia ou antipatia através da ação), provavelmente já estivemos ligados a esta pessoa em vidas anteriores de alguma maneira. 

Steiner é ainda mais claro ao dizer que, para saber se um ser humano está carmicamente ligado a nós, precisamos avaliar como ele se torna parte de nós mesmos, como ele "fala" em nós. Diz ainda que pessoas com as quais sonhamos muito, que não podemos excluir dos nossos sonhos, são as que estão vinculadas a nós pelo carma.

A ciência antroposófica fala muito sobre amor e explica como as boas e más energias circulam no cosmos (por exemplo, em suas últimas conferências, Steiner esclarece como vivenciamos o sofrimento causado a outras pessoas em momento posterior a nossa morte). Estudar sobre a antroposofia pode não apenas aumentar nossa cultura, mas pode também ser a fonte de inspiração genuína para nos aprimorarmos como seres humanos.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Autismo, amor e atenção

De acordo com estimativas, uma em cada 88 crianças tem um transtorno do espectro autista (TEA). Estes transtornos caracterizam-se basicamente por dificuldades de socialização e comunicação social, sendo que o espectro autista é muito amplo, com casos variando de muito leves a muito severos.

O autismo consolida-se até os três anos de idade, quando os neurônios responsáveis pelas interações sociais e pela comunicação estão se formando. Embora o autismo não tenha cura, na medida em que esses neurônios se desenvolvem, é possível estimulá-los, e os benefícios ao cérebro dessas crianças é significativo. Já houve estudo demonstrando que intervenções comportamentais chegaram, inclusive, a normalizar a atividade do cérebro de algumas crianças com TEA.

Anos atrás, somente se falava em diagnósticos de TEA a partir dos cinco anos de idade. Hoje, profissionais treinados podem ser capazes de observar o TEA em crianças a partir de 12 meses; em alguns casos, até antes de completarem um ano. E a melhor notícia de todas: quando a intervenção é iniciada até os três anos, a melhora pode ser de aproximadamente 80%!

Felizmente, os pais hoje em dia estão perdendo o medo de enfrentar a dificuldade e a dor que esse problema traz consigo, e buscando ajuda profissional mais cedo. Adoraria, nos próximos anos, ler mais sobre a aplicação de terapia comportamental em crianças pequenas com TEA e, possivelmente, sobre casos de crianças que saíram do espectro. E daqui pra frente é por minha conta: ainda que o bebê apresente apenas uma das características do transtorno (evitar contato visual, preferir objetos a pessoas, dentre outros), ou se se notar apenas uma estranheza no comportamento ou desenvolvimento da criança, não hesite em questionar e buscar esclarecimento. Uma vida nova para a família toda pode estar nascendo aí.






Meus doces....

Não aguentei... Hoje mesmo comecei esse livrinho sobre mim mesma e já voltei para tagarelar...

Hoje cedo vi no site da BBC sobre um holandês que decidiu fazer a experiência de não comer doces e ingerir álcool por um mês... O resultado disso foi que, além de perder 4 Kg (que delíciaaaa!!!), teve seu colesterol e pressão sanguínea reduzidos...

Fiquei animada! Acabo de voltar de uma consulta médica, tendo levado resultados de exames de sangue: meu colesterol está classificado como alto :( 

Bem verdade que tenho essa tendência familiar. Mas também é verdade que eu já como praticamente zero de frituras, não gosto de carne vermelha e nem de álcool, e pratico atividade física :o  O que mudar então?? Talvez os doces?? Ah, os doces....... Dizer que são minha perdição é pouco.....

Conforme conversei com minha médica, não é o açúcar que faz aumentar o colesterol, mas a gordura que pode estar contida nos alimentos que geralmente eu consumo, como o bom e velho chocolate. Queria poder dizer aqui que vou ficar até meados de novembro sem ingerir um docinho sequer, e ver o que acontece. Um mês sem doces! Mas... será que consigo? Considero que tenho bastante força de vontade em geral, na minha vida, mas os doces.... Ah, os doces são os doces....

Volto aqui pra dizer como está sendo!

Sobre mim


Resolvi criar esse blog para poder falar um pouco sobre mim, contar histórias, saber mais sobre as pessoas (descobri quase aos 40 que amo saber sobre pessoas, como vivem, quais seus medos, o que as deixa felizes, o que as deixa em paz, etc).
Tenho dois filhos, um marido, um lar, uma cachorrinha, uma tentativa eterna de melhorar como pessoa, variações hormonais, tenho saúde, hábitos, uma mãe, pai falecido, um afilhado querido, saúde, amigos. Tenho muito amor dentro de mim, e vontade de espalhá-lo por aí...

Tive uma profissão, que suspendi no ano passado, com o objetivo de me conhecer (nem diria conhecer melhor não, diria me conhecer mesmo, pois acho que vivia muito distante de mim), de me aproximar ainda mais dos meus meninos, de enfrentar meus monstros, de descobrir como eu poderia extrair o melhor da vida que, convenhamos, é curta demais. Foi uma decisão difícil, pois me preparei muito a vida toda, sempre fui uma das melhores alunas, fiz uma faculdade boa e mestrado no exterior. Para mim, isso não deixou de ser um ato de coragem, já que cada mês fora do mercado de trabalho é significativo na minha idade; e reconhecer esse ato como de coragem também considero um grande passo.

Tenho diversos interesses, muita vontade de compartilhar sobre eles, e, principalmente, quem sabe, poder ajudar outras pessoas a partir das minhas próprias experiências e do meu aprendizado.
Acho que por enquanto é isso... Estou ansiosa...

Vamos lá... Começando o blog em 3, 2, 1...