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sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Sensibilidade alimentar

Em fevereiro deste ano, o Felipe (meu filho mais velho) começou apresentar uma tosse chata. Toda tosse é chata, mas a dele tornou-se especialmente chata porque não passava de jeito nenhum. De jeito nenhum, não! Teve um jeito, mas só descobri qual era em junho. De fevereiro a junho, tentei (obviamente por orientação do pediatra - e do pneumologista!) diversos medicamentos alopáticos, principalmente antibióticos. Em quatro meses, ele acabou fazendo por volta de quatro tratamentos com diferentes antibióticos (e acho que mais um quinto, interrompido no quarto dia), pois o entendimento dos médicos era que o anterior não tinha tido efeito.

Obviamente, em junho, ele teve problemas gástricos e intestinais por conta de tantos remédios e, um belo dia (nada belo!) eu caí em prantos (literalmente), pois a tosse era constante (dia, noite, enquanto ele se alimentava, enquanto ele falava) e só diminuía um pouco quando um novo tratamento com antibiótico começava; mas logo voltava.

Eu não sabia mais o que fazer. A essa altura, a antroposofia já havia me tocado e eu já estava frequentando o curso da Ana Paula Cury (da Sociedade Antroposófica no Brasil). E a antroposofia diz não só do espiritual, mas também se estende à medicina (e ainda outras áreas, como a pedagogia). Minha experiência com a medicina atroposófica até este momento tinha sido próxima a zero: eu contava com relatos de familiares e amigos, e com o uso próprio de um medicamento que trata a ansiedade (Ansiodorom), que é vendido em farmácia comum e que comprei descrente (porque vi de relance na farmácia e o nome me disse alguma coisa) mas que tinha sido eficaz em mim. Na verdade, confesso envergonhada, hoje: eu achava que o efeito do Ansiodorom para mim tinha sido "psicológico", ou que tinha sido uma coincidência eu ter estado mais calma nos dias que se seguiram ao uso do medicamento; para mim, a medicina antroposófica equivalia a algum tipo de "medicina esotérica". Eu não tinha relacionado, ainda, as maravilhas que eu tinha aprendido no curso à possibilidade de tratar um filho com esse tipo de remédio, mas a situação do Felipe me fez marcar uma consulta com o meu atual senhor-deus-na-terra, o Dr Aranha, da Clínica Tobias.

Ele me foi indicado por uma das minhas melhores amigas; então eu sabia que ele era bom. Ainda assim, fui à consulta desconfiada. Gostei do jeito dele, muito. A clínica é acolhedora, passa uma paz. Meu filho foi examinado, o Dr Aranha achou tratar-se de tosse alérgica (o Felipe já havia feito diversos testes por solicitação dos médicos alopáticos e ele não é alérgico, no sentido que estamos habituados a usar o termo: pêlo de cachorro, pó etc.) Ele receitou para o meu filho quatro tipo de "gotinhas" diferentes, incluindo para a flora intestinal (estragada pelos antibióticos) para eu administrar quatro vezes ao dia. E pediu um teste de sensibilidade alimentar.

No começo de julho, depois de UM DIA de gotinhas, a tosse do Felipe cessou.

Foi a partir daí que a antroposofia (e tudo aquilo que diz respeito ao homem como um todo, físico, espiritual, emocional) virou meu estilo de vida. Mas não é sobre isso que quero falar agora, e sim sobre a sensibilidade alimentar do meu filho.

Conforme solicitado pelo Dr Aranha, levei-o para coleta de sangue no Instituto de Microecologia e, após alguns dias, o resultado mostrou que ele tem reação a 54 tipos de alimentos!

Seguimos rigidamente a dieta por um mês, sem medicamentos, e, de fato, ele não teve mais a tosse. Como são muitos alimentos a que ele tem restrição, fica muito difícil permanecer fiel ao permitido para sempre, já que o proibido inclui ovo, glúten, frango, por exemplo. Agora, em outubro, que ele teve mais uma crise, vamos reiniciá-la à risca.

Segundo explica o Instituto de Microecologia, responsável pela realização do exame (denominado Imupro), o sistema imunológico do intestino é o mais importante de todo o organismo; ele garante uma barreira muito eficaz contra bactérias e outros agentes patogênicos, e também contra proteínas alimentares que não reconheça. Quando a integridade desta parede intestinal é danificada (por medicamentos, infecções, toxinas ambientais etc) ela acaba permitindo a entrada de fragmentos de nutrientes entre as células, e o sistema imunológico reconhece-os como estranhos; como consequência, produz anticorpos contra a substância estranha. Daí as reações imunológicas repetitivas, que levam a inflamações crônicas.

Ainda segundo o Instituto, esse tipo de alergia são medidas pelo anticorpo IgG e suas manifestações são tardias, ou seja, podem se manifestar muito tempo depois do primeiro contato com o alérgeno. As alergias detectadas por meio do IgG são caracterizadas por reações inflamatórias. Isso pode provocar cefaleia, sobrepeso, problemas gastrointestinas, dermatite, problemas respiratórios e outras doenças autoimunes. 

O fato dessas alergias aparecerem tempo depois do contato com o alérgeno é o que diferencia das alergias detectadas pelo IgE, já que a manifestação deste segundo tipo de alergia aparece imediatamente após o contato com o agente.

Por fim, acho importante dizer que, também de acordo com o Instituto de Microecologia, as reações derivadas de uma flora intestinal danificada são reduzidas quando há mudança alimentar, sendo que as reações mediadas pelo anticorpo IgE permanecem a vida toda.

Desta vez segundo o Dr Aranha (e como verifiquei quando fiz a dieta no meu filho), a mudança alimentar de acordo com o resultado do exame ajuda, inclusive, a alterar determinados comportamentos, como uma agitação muito intensa. O Felipe sempre foi muito acelerado (chegamos a cogitar que ele fosse hiperativo) e, quando segui corretamente as instruções alimentares, ele ficou mais tranquilo. O médico me explicou que os alimentos a que ele desenvolveu alergia acabavam por inflamar até seu sistema nervoso, daí a inquietação.

Meu próximo passo, após ter tomado todas as providências em relação ao meu filhote, será marcar uma consulta com o santo-na-terra Dr Aranha, fazer o exame em mim e melhorar ainda mais minha qualidade de vida ;)



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